Meditação pela 'atenção consciente' e a reprogramação mental do preconceito racial
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| Estudante negra chegando à escola e causando a revolta dos brancos. Episódio conhecido como Little Rock Nine, EUA - Arkansas, 1956 (Arquivo) |
Em meio à discussão nacional americana sobre o preconceito racial – e
seu papel nos enfrentamentos violentos entre policiais e negros
desarmados --, uma questão que vem sendo analisada é como encarar e
reformar o viés implícito. Como explica
Chris Mooney, da revista Mother Jones, alcançamos um novo paradoxo
racial nos Estados Unidos: o racismo declarado é menos aceitável que
nunca, mas somos um país que perde um homem negro para a violência policial a cada 28 horas. O preconceito racial também está vivo e forte no mundo acadêmico e na força de trabalho.
Pesquisadores
da Central Michigan University podem ter feito uma descoberta capaz de
contribuir para combater as associações raciais implícitas no
subconsciente. De acordo com um novo estudo, a prática da “mindfulness”,
ou atenção consciente, pode ajudar a combater o viés racial.
No
estudo, 72 estudantes brancos completaram o Teste de Associação
Implícita (TAI), uma métrica de psicologia social que visa examinar a
força das associações automáticas feitas por uma pessoa. Para este
experimento particular, o teste apresentou imagens de rostos negros,
brancos, velhos e jovens e os fez acompanhar por palavras com
associações negativas ou positivas.
Antes do TAI, metade dos
participantes ouviu uma gravação de áudio de dez minutos sobre a
meditação de atenção consciente. A gravação os instruiu a prestar
atenção às suas sensações físicas e a aceitar essas sensações, além de
seus pensamentos, sem resistência ou julgamento. A outra metade dos
participantes ouviu uma discussão de dez minutos sobre história natural.
Os pesquisadores constataram que, coincidindo com pesquisas anteriores,
as pessoas brancas reagem em tempo menor a palavras positivas
associadas a rostos brancos que a palavras positivas associadas a rostos
negros. E reagem em menos tempo a palavras negativas quando são
associadas a rostos negros, em vez de brancos. Os sujeitos também
revelaram associações mais fortes entre jovem e bom e entre velho e mau.
Contudo,
o estudo também mostrou que a introdução breve à meditação de atenção
consciente reduziu os vieses implícitos relativos a idade e raça. Isso
pode dever-se ao fato de a atenção consciente reduzir a dependência do
cérebro de associações automáticas, com isso moderando o pensamento
enviesado, teorizaram os pesquisadores.
No ano passado, pesquisa da New York University constatou que,
entre pessoas com forte preconceito racial, há diferenças maiores no
modo como o cérebro registra os rostos de raças distintas – ou seja,
essas pessoas enxergam diferenças maiores entre rostos negros e brancos.
Mesmo
assim, as novas descobertas trazem evidências animadoras de que pode
ser possível mudar reações inconscientes – e não apenas em matéria de
raça.
“Essencialmente, a atenção consciente deve reduzir as
associações negativas que temos com qualquer grupo estereotipado,
permitindo que tratemos as pessoas em um nível mais individual, e não
através de uma camada de pré-julgamento baseado nas associações que
fazemos com seu grupo”, escreveu um dos autores do estudo, Dr. Adam
Lueke, em e-mail ao Huffington Post.
O estudo foi publicado no periódico Social Psychology and Personality
Science.
(Este artigo foi originalmente publicado pelo HuffPost US e traduzido do inglês.)
(Este artigo foi originalmente publicado pelo HuffPost US e traduzido do inglês.)

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